Em 1952, Saboor vê-se obrigado a vender a própria filha mais nova, para poder continuar a sustentar a sua nova mulher que está grávida, e o seu filho, Abdullah. Este é o que mais sofre com a separação da sua irmã, da qual tomou conta desde que a mãe de ambos morreu ao dar a luz a menina, Pari.Na sua nova casa, Pari,sofre algo que julgava que não seria possível devido a sua idade, seis anos. Ela terá que esquecer toda a sua vida até ao momento e transformar-se em algo que não é e acreditar que nasceu desta nova mulher.Aprendeu a chamar mamam e papa aos seus novos pais, e que foi no seio desta família que sempre esteve, nunca tendo nenhum irmão, muito menos chamado Abdullah.Durante a invasão soviética, Pari foge ainda pequena com a sua mãe para França, onde viveu a maior parte da sua vida, deixando o seu pai no Afeganistão quando este sofre um AVC e fica num estado que mal consegue falar. No entanto este fica a cargo de Nabi.Nabi revelou-se ser uma personagem surpreendente. Confesso que inicialmente quando escreveu a sua carta a Markos, que não fazia a mínima ideia quem era ao inicio, odiei-o tanto pelo que fez, pelo que sentiu, mas principalmente pela razão que o fez. Ele era o mordomo, o cozinheiro, o motorista , tudo e mais alguma coisa para agradar aos patrões. Masera também irmão da mulher de Saboor, a madrasta de Pari. Visitava-os pelo menos uma vez por mês no seu automóvel americano e divertia as crianças e ajudava a sua família no que podia, no entanto não consegui inicialmente simpatizar com ele. Mas,confesso que no final da carta, chorei por ele, e com ele.Tive uma pequena sensação que a historia do médico cirurgião ia estragar um pouco a linha da história, mas afastei qualquer possibilidade, devido a ser importante para sabermos que tipo de homem é e o que o levou a tomar tais atitudes e de se mudar da Grécia para o Afeganistão, e também para perceber a suas preocupações e pensamentos.O que mais me agradou neste livro foi sem duvida a quantidade de personagens que tinha, eram muitas e todas elas interligadas, quase como se toda a gente se conhecesse de uma maneira ou de outra.Consegui seguir a vida de Pari e Abdullah, sem ter que falar deles directamente. Ou seja a contar a vida ou acontecimentos presentes de outras personagens conhecia aquelas que mais queria saber, porque no fundo queria era saber se os irmãos alguma vez se iam juntar outra vez e poderem abraçar-se. Mas pelo ?caminho? preocupava-me também com Roshi, perguntava-me que seria feito dela, Thalia se teria dado a volta por cima.A história, apesar de ser isso mesmo, tal como o autor indica, retrata uma realidade que se desconhece, pelo menos pela parte de ?fora?, e que de certa forma se julga o outro lado por outras questões, e não pensamos que são iguais a nós e que tem preocupações como nós e até leva a pensar.A escrita é intensa e envolvente, não consegui parar de ler até saber o final. Este foi completamente surpreendente para mim, pois confesso que esperava que tudo terminasse bem, mas não assim, não desta maneira.